A preocupação com a saúde mental tem ganhado mais espaço no ambiente de trabalho.

Obviamente após a pandemia de 2020 esse assunto assumiu o centro das preocupações das áreas de RH e Gestão de Gente. O confinamento, as jornadas duplas e até triplas, o medo da doença, entre outros desencadearam transtornos de ansiedade, depressão e burnout.
Algumas empresas se posicionaram na dianteira e passaram a desmistificar o assunto internamente, entretanto muitos colaboradores tem receio de expor essa “fragilidade”.
Depois que a OMS determinou que o burnout é doença do trabalho, não há mais espaço para procrastinar algumas ações. Essa conta vai chegar e vai pesar no bolso dos empreendedores, seja por afastamentos propriamente ditos, seja pelo aumento no absenteísmo ou mesmo na queda do presenteísmo, índice ainda pouco falado, mas que mostra a baixa produtividade do colaborador que está apenas de corpo presente na empresa. Isso sem mencionar os custos de renovação dos planos de saúde, que tendem a ser mais altos conforme aumenta-se o uso dos mesmos.
A pesquisa abaixo deixa claro o tamanho do problema e urgência e tratar preventivamente o maior número de pessoas.
1- De acordo com a WHO (World Health Organization) a depressão e a ansiedade causaram uma perda de aproximadamente US$ 1 trilhão na economia mundial.
2- Por outro lado, a mesma pesquisa afirma que, para cada US$ 1 investido em ações que promovem melhorias na saúde e bem-estar mental dos colaboradores, US$ 4 são percebidos em ganhos com o aumento da produtividade.
3- Na pesquisa realizada pela Wellable, foi constatado que grande parte das empresas já adotam medidas para a melhoria da saúde mental de seus colaboradores. Entre os fatores que chamam a atenção estão:
• 67% das empresas oferecem programas de assistência aos empregados;
• 46% valorizam recursos de educação em saúde mental, tais como acesso a palestras, treinamentos e webinars;
• 30% adotam escalas de trabalho mais flexíveis;
• 29% valorizam o acesso às ferramentas digitais de saúde mental, como aplicativos para celular.

4- As práticas de meditação e de mindfulness — exercícios para melhoria na capacidade de atenção e concentração — estão sendo encaradas como alternativas benéficas para as empresas. Mais da metade delas demonstrou intenção em aumentar os investimentos nessas iniciativas.
Inclusive, muitos espaços de coworking já oferecem práticas regulares de meditação guiada para seus frequentadores. As empresas e profissionais liberais que fazem parte desse movimento já estão colhendo os benefícios de uma rotina mais centrada.

5- Outra pesquisa, publicada pela Capita, revelou dados alarmantes sobre a presença do estresse no cotidiano das empresas. Veja alguns desses números:
• 79% dos colaboradores relataram ter sofrido estresse no trabalho nos últimos 12 meses;
• 22% disseram sentir estresse com alta frequência ou o tempo todo;
• 47% acham que é normal sentir stress e ansiedade no trabalho;
• 45% consideraram deixar um emprego devido ao estresse que ele gera;
• 53% tiveram colegas que foram forçados a desistir do trabalho devido ao estresse;
• 49% não acham que seu líder imediato saberia o que fazer se eles conversassem com ele sobre um problema de saúde mental.

6- Ainda de acordo com da Capita, o estresse causa aumento na irritabilidade e, com isso, outras pessoas são afetadas no ambiente, espalhando os males por toda equipe. Entre os “efeitos colaterais” identificados nas respostas, chamam a atenção:
• 44% afirmaram estar mais irritados no trabalho;
• 25% aumentaram o consumo de álcool;
• 28% confessaram descontar em familiares;
• 15% aumentaram o consumo de cigarros.

7- Outro fator preocupante apontado pela mesma pesquisa é que 24% dos trabalhadores já precisaram se afastar por estresse. Porém, menos da metade dos afastamentos tiveram registros relacionados à saúde mental.
Um outro dado que justifica essa situação é que 37% dos respondentes afirmam não se sentirem confortáveis em assumir para os colegas de trabalho, ou mesmo para a empresa que o afastamento foi motivado para cuidar da saúde mental.

8- A pesquisa de 2019 da Mental Health American mostrou que o estresse está aumentando os problemas relacionados ao sono dos trabalhadores. Mais de 65% dos respondentes afirmaram que o estresse no trabalho está afetando a qualidade das suas noites de sono.

9- Metade das pessoas que responderam à pesquisa disseram que o estresse provoca comportamentos não saudáveis para ajudar a lidar com o problema. O que vai ao encontro do que já foi mencionado no tópico 6 sobre os dados obtidos pela Capita.
Uma pesquisa da Universidade de Phoenix apontou que mais da metade dos trabalhadores (54%) que estão trabalhando de casa durante todo o tempo de isolamento têm sentimentos negativos quando o assunto é o retorno ao escritório — entre eles preocupação, nervosismo e sobrecarga ganham destaque.

10- Novamente em concordância com os resultados da Capita, a Mental Health American apurou que 55% dos colaboradores sentem medo de tirar dias de folga para cuidarem de sua saúde mental.
11- A entidade perguntou aos participantes sobre o quão seguros eles se sentiam em conversar com seus gestores sobre problemas de saúde mental no trabalho. Entre os que afirmaram não se sentirem seguros, também foram constatados outros efeitos do estresse, tais como:
problemas para dormir;
queda na autoconfiança;
queda na motivação;
aumento na quantidade de faltas e atrasos.
Pegando carona nessa nova realidade inúmeras empresas de saúde mental surgiram no mercado. Propondo diferente métodos e ferramentas, infelizmente muitas delas oferecem serviços de baixa qualidade, que não ajudam nem as empresas, muito menos as pessoas.
É preciso ficar atento à proposta apresentada, consultas de terapia muito curtas, por exemplo, são vitais para o custo do serviço ser competitivo, mas não ajudam em nada o paciente.